sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Serra da Estrela: Lagoa Comprida sob nuvens

No cervunal

Processionária?

Indicador de percurso

Ícaro

A Mata do Desterro conta com 3 percursos


Julho de 2009, 23.º dia.
Nuvens no céu, logo de manhã.
Um Verão primaveril.
Férias em curso, vou visitar o CISE.
Chegado, afinal é dia e hora de participar na Ciência Viva no Verão.
Ainda há uma vaga!

O tema é anfíbios e répteis da serra da Estrela.
O primeiro passo levou à mata do Desterro. Apesar do tempo nublado, o caminho de terra mostra borboletas territoriais da subfamília dos satirinídeos, como a semele (H. semele) e a circe (Brintesia circe).

Onde cai água, a vegetação emerge luxuriante, com algo que talvez sejam miosótis de permeio com mentastros, cornichão e quejandos. Um habitat perfeito para o lagarto-de-água e muitos artrópodes.
Anda ali meia enregelada o que me parece um ícaro (P. icarus), evidentemente da família dos licenídeos. Entreabre as asas por momentos, um azul perfeito.

A humidade no solo desvenda um cortejo incessante de lesmas escuras, enormes, em trânsito.
Numa curva desce para o rio um grande medronheiro: nunca vi um assim. Uma borboleta trôpega está no chão. Será uma processionária-do-pinheiro?

Sem sol, répteis e anfíbios não se mostram muito. Haverá ali cobras diversas, quiçá uma víbora-cornuda, que nunca vi em plena natureza.
As margens do rio Alva são luxuriantes.

Amieiros antigos com tronco coberto de musgo e fetos aqui e ali à maneira de epífitas tropicais intercalam-se com algum salgueiro ou carvalho. Há algumas exóticas a pedirem que lhes tratem da saúde, o que aconteceu logo na semana seguinte.
No Inverno, vê-se como os níveis do rio sobem.

O orientador do percurso é José Conde, biólogo. Fala dos vestígios de lontra nas margens, do melro-de-água, da toupeira-de-água.
Ao atravessar o rio entre pedras polidas pela erosão, uma gafanhoto verde-luz e a rã-ibérica mais pequena que já vi algum dia. Há mais acima um poço antigo da mata, coberto à superfície de detritos vegetais. Vista arguta, caíram ali dois licranços. O tempo não aquece.

São 15h00, Lagoa Comprida. Sandes de presunto e queijo comem-se nos
estabelecimentos do local, entre uma conversa de uma águia que tem andado não longe dali.

O cervunal é uma paisagem de outro mundo, mas está um frio de rachar.
Um investigador de Évora encontrou ali uma espécie nova de aranha.


No regresso, uma forma velocipédica serpenteia pelo
Nardum, aos meus pés: um fura-pastos? Vai mais além, está ali. Afinal era um lagarto-de-água, um macho, com ácaros na região lombar. É vê-lo esconder-se. Entre o bosque-miniatura do cervunal, há vida abundante, a uma tépida temperatura.

O cervunal é uma pastagem que funciona como uma esponja que absorve a água, à maneira de uma turfeira, e a vai soltando ao longo do ano.


Mais: http://www.uc.pt/grasses
http://www.cise-seia.org.pt/

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