segunda-feira, 21 de junho de 2010

Chegou o Verão

A Lua está cheia de luz. Com tanta que até um míope à vista desarmada vê as planícies basálticas, escuras, e as rochas claras, feldspatos dominantes, que reflectem a luz do Sol.
O lusco-fusco está cheio de luz. São 21h25 neste primeiro dia de Verão.
Entre os prédios, alguns quintais pouco cuidados. Numa antiga escola primária, parada há 20 anos desde que o tecto caiu numa sala, há sucessão ecológica no pátio do recreio do meu filho mais velho. As ervas arregimentaram nesgas de solo nas frinchas do chão cimentado. Os melros deixaram sementes em voos ocupados. Os ligustros cresceram, o sabugueiro. Daqui não distingo mais, mas a selva está a crescer. O levantamento de répteis, anfíbios, micromamíferos e artrópodes seria uma experiencia cativante, já que ali houve durante décadas cimento varrido todos os dias, esterilizado à triste maneira urbana.
Voa agora uma gaivota-de-patas-amarelas, adulta. Voo estranho: não tem rota definida, divaga. Avança, para, abre o bico, avança lenta, para, abre o bico… repete.
Súbito já andam vários morcegos em rota rápida. Não são andorinhões. Estes também andam, mais acima dos telhados, os mamíferos andam no vale cavado entre o cimento dos prédios. A asa recortada, escura, não engana.
O turno do dia queima os últimos cartuchos, o da noite, no mesmo nicho, tem pressa, quiçá terá começado agora a cuidar da prole…