segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Hoje e amanhã


Ali vai a lagarta, peluda que eu sei lá: corre no caminho sem apelo nem agravo. Olho-a e parece dizer-me: "Que vai ser de mim, agora que não consigo comer mais?". Manda o instinto que se enterre adiante em terra fofa.
Depois de perder o tino, em tempo certo, desabrocha, parece uma flor a linda borboleta.


Ao ouvir a dentada de gigante na maçã, a pequenina semente estremece perante a morte: "Acabaram-se-me os dias!". Quando o burrico defeca sai incólume, estonteada. Desmaiada por semanas, acorda na escuridão: "Nunca serei uma grande árvore...".
A chuva contradi-la. Toca-lhe. Discutem as células, dividem-se: umas mandam-na abrir-se, enlamear-se e subir; as outras afundam em sentido oposto. Uma luz surge, é a esperança, pensa... não, é o sol! "Poderei vencer cascos, doenças, predadores e vir a ser uma árvore generosa?". Passa o vento e diz: "Verás que sim".


O momento mais escuro da noite dá o sinal de partida ao Sol, do outro lado do Globo, para correr a alumiar o outro turno da vida.

Os dias difíceis de hoje são a passagem que nos transporta para um amanhã melhor. Não há por que sofrer demasiado ante as pontes do tempo.
Mesmo sem asas, conseguiremos voar entre as constelações...

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