quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Gaivota juvenil no telhado

Esta gaivota, Larus michaelis, ou gaivota-de-patas-amarelas, está a esquecer-se que veio do mar e fica em terra, a sobreviver de migalhas. A maior parte já nem migra... se migrar perde o lugar. Já era assim entre nós, espécie humana, nas várias épocas dos Descobrimentos.


Às vezes sinto-me uma gaivota no telhado a dezenas de quilómetros do mar.
Ao pôr-do-sol vejo andorinhões às corridas, atrás de insectos que não vejo, adivinho. Por momentos cruzam-se com os morcegos que os imitam.
Até reparo na Lua, a esticar-se, em bicos de pés, corada, para espreitar o astro-rei, antes que este caia com retorno demorado pelo horizonte abaixo.
Não tenho o peito alvo, impoluto, das gaivotas mais velhas, e abrem-se-me todas as opções do mundo, pelo menos as que a vista alcança.
Os meus pés falam do mar, mas nasci no cimento, a terra de que me alimento, e não se prevê que parta para onde o meu coração vai, nas montanhas.
Afinal, não há que ter grandes dúvidas: sou quase avô... e até já comecei a ver mal ao perto.

Sem comentários:

Enviar um comentário