terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

As ameixeiras vestiram-se para o carnaval



Este ano elas aguentaram-se.
Há quem diga que foi por causa das temperaturas mais baixas, outros pelo sol mais escondido deste Inverno.
O que é certo é que só ontem vi as ameixeiras que ornamentam as ruas em flor. Não tinham só uma, a primeira entre muitas, mas várias, em jeito de enxame ou bando.
Este fim-de-semana teve temperaturas de «ar polar», segundo as notícias, com 9 graus ao meio-dia.
Ainda assim, antecipam-se estas flores claras, brancas-rosadas, nos ramos escuros. Só mais tarde surgirão as folhas, avermelhadas.
Tal oferta aos insectos polinizadores vem como é possível, se bem que um sol e uns grauzitos a mais seriam capazes de dar mais frutos.
Fora isso, é sempre bom vê-las. São outra promessa, em plena cidade, de que dias maiores e mais amenos se aproximam, num cortejo de festa, entre aromas e o cantar de aves que se fazem ouvir como nunca, a que se adicionam muitos outros bateres de asa, acordados pelo brilho longínquo das constelações.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Crucíferas e outras

Violeta-brava


Ontem vi o meu primeiro saramago do ano.
Impossível ficar indiferente, já que nenhum galardão humano lhes faria justiça. Sem prémio Nobel, estas flores silvestres de quatro pétalas dão um sorriso discreto na beira de muitos caminhos, e só quem as olhar de perto lhes leva a beleza na memória.

Vi também, adiante, as primeiras flores de violeta-brava, que noutros anos tenho ideia de ver mais cedo. Pouco altaneiras, salvaguardam-se da ventania, quando passa, enquanto aguardam os insectos polinizadores, semeadores de vida.

Também os primeiros salgueiros abrem flor, no mesmo dia, como se estivessem atrasados. Só mais tarde virão as folhas verdes, não fossem tapar o repasto a aves e invertebrados que levam alimento mas fertilizam a espécie.
Despertam também o ulmeiro e o carvalho-alvarinho, com o prenúncio de rebentos.

Afinal, tudo anuncia a Primavera.