sábado, 9 de outubro de 2010

O Outono vem com a flor da torga

Torga, Calluna vulgaris


Quando o Outono chega já a flor rosa-lilás da urze, também chamada torga - Calluna vulgaris -, cobre as hastes desta planta silvestre em perfeita festa.
Assim que o ar aquece q.b. uma mão-cheia de insectos banqueteia-se no negócio da polinização. São moscas mascaradas de abelhas e de vespas, abelhas e abelhões a sério, como se esta fonte estivesse agendada para que a fuga do frio, mais a norte, não se faça sem sustento.
Neste sincronismo natural, há também borboletas. As mais abundantes são a 2.ª ou 3.ª geração das cinzentinhas, as Leptotes pirithous, da família trintona dos Licenídeos.
Entre grãos de pólen diminutos aos nossos olhos, namoram, dançam, acasalam e aproveitam os pés de tojo, Ulex sp., que ali florescem num contraste amarelo. Da família das ervilheiras, são planta hospedeira, apesar de espinhosa, sem dor para as mariposas que ali até acabam por pôr os seus ovos mínimos, um aqui, outro ali, para que a roda da vida erga novas gerações.
Ao passar perto voa uma majestosa libélula, Aeshna cyanea, grande, em patrulha de predação. A pelo menos centenas de metros do ribeiro, faz questão de voar sem medo perto de mim, o que permite ver as cores vivas entre o verde e o azul-claro, como ocorre com outras espécies. É recíproco, não há nada a temer do "tira-olhos".
E ali anda o padrão de uma savana mostrada na TV. Libélulas e aves feitas leões, sobrevoando a torga, uma área exposta cheia de recursos, onde "herbívoros" catam néctar e tratam da sua vida, no caso moscas, borboletas e abelhas.