Bem, acho que a primeira que me apercebi da teia que ela teceu no retrovisor do carro foi em Julho, quando fui de férias.
Achei que alguns quilómetros de auto-estrada lhe imporiam fazer as malas.
Quando regressei, verifico que a teia estava reconstruída.
Vamos em meados de Setembro e a odisseia continua. Terei feito com esta viajante clandestina quantos quilómetros? Três mil? Talvez.
É certo que já choveu um dia, e mais certo ainda que não levei o carro ao banho.
Será preta, castanha, amarela às riscas? Não faço ideia. Só vejo por vezes a teia destruída pelo vento, no dia seguinte refeita, como nova.
Se puxar pela memória, o carro anterior também chegou a ter musgo na borracha de encaixe do vidro. Não me repugnava, achava engraçado.
Como não percebo nada de aracnídeos, pergunto-me se deixará descendência detrás do espelho. Que há-de morrer este Outono parece-me certo, se for esse o ciclo de vida. Até lá, com alma de navegante, lá anda ela para trás e para frente, ao sol, ao luar e à chuva, como se o carro tivesse sido feito para ela, e o espelho retrovisor para nada mais servisse do que para lhe servir de lar...
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