segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Muros


Fez-se o muro, pedra sobre pedra.
Vem o bafo do tempo. 
O feto verde, rendilhado, de nome avenquinha vê no puzzle rústico a propriedade vertical perfeita para habitar.
Os conchelos aparecem, folhas carnudas, circulares, multiplicam-se como se não houvesse consenso: umbigo-de-vénus, chapéus-de-parede, bacelos ou conchelos? 
Suaves crescem musgos, as hepáticas parecem dedos verdes, espalmados sobre a rudeza do granito rústico.
A saxífraga aparece, espalham-se gerânios silvestres, uma dedaleira deita as folhas verdes ao frio.
A sardanisca é o dragão dos muros que aparece só ao melhor sol do meio-dia. Espalma o corpo, vira-se como um painel solar à luz.
Não era altura de hibernar?
Não estão para aí viradas: lembram crianças travessas que não querem dormir.

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